- Amanhã eu termino toda a história pra vocês,
agora eu tenho que ir. Beijos.
Segundo capítulo - Segundo tempo
- Então, onde eu parei?
- Dona Liana, a senhora parou na parte que a
Rosa dizia que ia te contar uma coisa.
-Aquela noite foi à noite que eu descobri as
muitas verdades sobre minha vida.
...
. – Lia, agora que você está sóbria, nós duas
precisamos conversar. – A Rosa falou se sentando perto de mim na minha cama.
- O que você quer dizer agora? Que vocês já
enterraram os meus pais? – falei olhando pra Rosa com o olhar de dor.
- Não. O que eu tenho pra te falar são as
verdades. – ela falou se aproximando e pegando o cigarro que estava nos meus
lábios. – Lia, acho que esse é o momento mais inadequado e adequando, ao mesmo
tempo, para te contar a verdade, toda a verdade.
- Pare de suspense Rosa, odeio suspense. –
falei pegando o cigarro ainda acesso que estava na mão dela.
- A sua mãe não podia ter filhos. – disse a
Rosa, olhando fixamente para os meus olhos.
- Como assim, minha mãe não podia ter filhos?
Eu sou filha dela! Que palhaçada é essa Rosa? – perguntei com os olhos cheios
de lágrimas e tomando um gole de uísque.
- Você não é filha dela de sangue. Mas quem
mãe é quem cria! – falou com os olhos cheios de lágrimas e com a voz falhada.
- Como assim, mãe é quem cria? Eu sou adotada.
– Falei me levantando chorando e batendo forte na parede, peguei um vaso que
tinha perto da minha cama e joguei contra a parede. – Por que vocês não me
contaram isso antes? VOCÊS NÃO TODOS UNS IDIOTAS! – gritei
- Calma Lia! Eu tinha 19 anos e minha mãe já
trabalhava para os seus pais.
- Você é minha irmã? – eu interrompi a Rosa.
- Não, eu sou sua mãe. – disse a Rosa, com os
olhos cheios de lágrimas, mas que por algum motivo elas não desciam pelo seu
rosto. Naquele momento eu me ajoelhei no meio do meu quarto gritando, negando
que aquilo seria verdade, chorei,gritei e me calei e os próximos seis minutos
foram o completo silencio no quarto. – Lia, posso prosseguir?
- Pode. – falei engolindo o choro.
- Lia, eu tinha 19 anos e comecei a trabalhar
na sua casa, junto com minha mãe, pra pagar a minha faculdade. Seus pais viviam
discutindo, porque o sonho do seu pai era ser pai, mas a sua mãe não podia ter
filhos. Sua mãe queria adotar uma criança, mas o seu pai queria um filho do
mesmo sangue dele.
- Não acredito que vocês fizeram isso com
minha mãe! – interrompi mais uma vez a Rosa.
- Lia, aconteceu. Eu era jovem bonita, cheia
de vida, seu pai era atraente. Teve uma noite que estava chovendo bastante e a
Sra. Anec estava na casa dos seus pais, como chovia muitos, eu não consegui ir
para casa, acabei ficando por aqui. Minha mãe estava de folga e na casa só
tinha eu, seu pai e mais duas pessoas, que eram o motorista e o antigo
jardineiro, mas eles estavam na casinha dos fundos.
- Eu tenho nojo de você! NOJO DE VOCÊ! –
berrei no meio do quarto.
- Lia, eu não tinha a intenção de ficar com o
seu pai. Mas ele me atraiu. Eu era sonhadora e ainda era virgem. Ele tratou com
muito carinho e eu fiquei completamente apaixonada, mas confesso que não foi só
uma vez. Depois da primeira noite, o clima mudou, eu me apaixonei pelo seu pai.
Então pedi demissão porque eu não aguentava mais aquela facada nas costas da
sua mãe, mas fiquei grávida, não tinha terminado a faculdade ainda e continuei
no emprego, mas a barriga uma hora iria crescer, então contei tudo para o seu
pai e ele disse que assumiria a menina, mas que não registraria você com o meu
nome, seria com o sobrenome da Sra. Anec e eu concordei. Não poderia te dar a
vida de princesa, mas eu não quis ficar longe de você, então combinados de
inventar uma viagem de faculdade pra mim, e eu passei minha estação inteira
longe dessa casa e só mantendo contado com o seu pai, quando você nasceu ele
disse a sua mãe que iria adotar você e foi então que ele registrou você. Ele
resolveu tudo sozinha, mas com os documentos, meus e da sua mãe, depois que eu
me recuperei, voltei ao trabalho e me tornei a sua babá. Sua mãe voltou a
trabalhar e eu passava o dia inteiro com você. Eu e o seu pai decidimos não nos
envolver mais e foi então que eu comecei a namorar com o João, que estudava
comigo. Eu realmente gostava do João, mas não era feito o seu pai, então
decidir que iria me casar com o João e não iria mais morar aqui nessa casa, mas
eu não consegui me distanciar de você e acabei o namoro com o João. Eu me
envolvi sim com outros homens, mas você era o meu tudo, não conseguia sair
dessa casa.
- Não acredito que você fez isso com a minha
mãe! Você é um monstro! Não só você o meu pai também foi um monstro! – falei
apontando o dedo para o rosto dela e gritando o mais alto que eu podia.
- Eu te entendo, eu sei que erramos.
- Sai daqui! – sussurrei – SAI DAQUI! –
gritei.
- Lia, eu só quero que você...
- SAI DO MEU QUARTO! – gritei.
Peguei um vinho e mais cigarros, comecei a ver
fotos da família, a Rosa sempre estava tão presente em tudo, eu a amava, eu a
amo, mas essa dor era tremenda, eu não aguentava mais tanta dor, tanto
sofrimento. Tudo agora fazia sentido, a Rosa era sempre tão presente na minha
vida, muitas vezes mais presente que a minha mãe e ela sempre viajava com a
minha família, eu sempre contava tudo pra ela, contava mais as coisas pra ela
do que pra minha mãe adotiva.
A Rosa era minha melhor amiga, sabia de todas
as minhas paranoias, as minhas fugas, até me dava uma força pra fugir e sempre
me acoitava. Uma vez, quando eu tinha 16 anos, meus pais viajaram para a China
e ia passar dez dias lá, eu dei uma festa de quatro dias seguidos na minha
casa, a Rosa que cuidou de tudo, bebidas, comidas, som, ela cuidou de tudo. Ela
sempre mentia pra me ajudar, mas eu pensava que ela fazia isso porque os meus
pais não eram muito presentes na minha vida, eles me viam 2h por dia, que eram
uma de manhã e mais uma hora à noite, já a Rosa me via o tempo todo, ela me
levava ao shopping, pois eu não poderia ir sozinha, ai ela me deixava no
shopping e sumia, só aparecia na hora de irmos pra casa. E o meu primeiro
beijo, foi ela que marcou, não acredito até hoje que ela fez isso, ela marcou
com o menino na minha casa e disse aos meus pais que não se preocupassem que
era só uma peça pra escola que nós íamos ensaiar que ela estaria ali olhando
tudo, mas quando os meus pais saíram pra trabalhar ela se mandou também.
...
- Dona Liana, se a Rosa era tão boa assim. Por
que a senhora não a perdoou naquele momento?- perguntou o Pedro que estava sentando ao meu
lado.
- Olha aquilo ainda era muito novo pra mim.
Não tinha pensado direito nas coisas. – respondi o olhando.
- Mas o que aconteceu no dia seguinte, dona
Liana? – pergunta Débora.
- Então gata, amanhã eu termino.
- Dona Liana, a senhora sempre deixa um
suspense para o próximo dia! – Fala a Carla.
- Faz parte da história. - falei me levantando da cadeira
Terceiro capítulo - Terceiro tempo
No dia seguinte eu acordei com muita dor de
cabeça, eu não conseguia nem me abrir o olho, a claridade só piorava a minha
dor de cabeça. Botei a mão nos meus olhos que estavam semiabertos, gritei pela
Rosa, mas quem apareceu no quarto foi o Tomás.
- A Rosa foi ao mercado Dona Liana. Mas ela já
está chegando. – falou o Tomás parado na porta do quarto.
- Entre e feche essas cortinas, essa claridade
está piorando minha dor de cabeça. – falei fazendo um sinal pra ele fechar as
cortinas.
- A senhorita deveria comer algo, posso fazer
uns ovos mexidos com pão. Só sei fazer isso. – falou o Tomás fechando as
cortinas.
- Pode ser eu preciso comer algo. – sussurrei
- Então eu vou lá preparar seu café da manhã,
acho melhor a senhorita tomar um banho. – disse indo em direção à porta.
- Tomás! – o chamei ainda sentada na cama
- Oi. – ele respondeu segurando a maçaneta da
porta pelo lado de fora, mas com a cabeça dentro do quarto.
- Obrigada! – falei dando um sorriso torto.
- Tudo bem. –falou fechando a porta.
Tomei meu banho, mas durante o
banho eu pensei em tudo o que a Rosa tinha me falado. Eu não podia aceitar que
ela tinha traído a confiança da minha mãe, mas agora eu só a tinha de família,
que eu conheça, no enterro dos meus pais, de família só tinha ela e a mãe dela,
o resto das pessoas eram empresários e amigos dos meus pais. Demorei uns quinze
minutos no banheiro.
- Obrigada mais uma vez por fazer algo pra eu
comer. – falei chegando à cozinha.
-Por nada! – ele falou terminando de por a
mesa. – Tem bolo e suco também.
- Não precisava por uma mesa repleta de coisas
pra mim. Eu como só o pão mesmo. – falei. –Quer se juntar á mim neste café da
manhã delicioso?
- Não, obrigado. Eu sou só o jardineiro e
tenho muito trabalho. – falou encostando-se a pia de lavar a louça, mas olhando
pra mim.
- Eu sou a sua chefe; não sou?
- É sim.
- Sente-se é uma ordem.
- Tudo bem. – ele falou se sentando á mesa.
- Então, o que você faz aqui no dia de hoje?
Você deveria está de folga. – perguntei levando o copo de suco de laranja á
boca.
- É que a Rosa estava precisando de mais um
homem na casa, só temos três pessoas trabalhando aqui agora.
- O que aconteceu com os outros empregados?
- Acho melhor você deixar pra falar desse
assunto com a Rosa. – falou olhando fixamente nos meus olhos.
- Não vou falar com ela. – falei pondo o copo
de suco na mesa.
- Dona Liana, eu sei toda a sua história, a
Rosa sempre quis o seu bem.
- Até você sabia? – falei dando uma risada
sarcástica. – Ela não merece o meu perdão.
- Ela não merece o seu perdão? Ou você não
merece o dela?
- Você não tem que se envolver com a minha
história. – falei levantando da mesa e indo em direção as escadas.
- Típico de você, fugir das responsabilidades.
– disse o Tomás vindo em minha direção.
- Não quero você dando a sua opinião sobre a
minha vida. – falei chegando à porta do meu quarto. – Você é apenas um
empregado! – falei batendo a porta do quarto.
- Liana, abre essa porta! – disse ele ainda
subindo as escadas. – Como você é criança. Como você consegue ser bem sucedida
com esse pensamento tão infantil. – afirmou se aproximando da porta do meu
quarto.
- Você acha que me conhece, mas você não me
conhece. Você é novo aqui. – falei de dentro do quarto ainda com a porta
fechada.
- Você é tão matura que está falando comigo
com a porta fechada, porque tem medo de ouvir as verdades olhando nos meus
olhos. No fundo você é carente, insegura. – falou do lado de fora do quarto. –
Liana, abre essa porta. – falou baixinho se encostando à porta pelo lado de
fora.
- Você não entende que eu estou sofrendo, você
não entende a minha dor. – falei abrindo a porta lentamente.
- Você acha que eu não entendo? – ele
perguntou me olhando no fundo dos olhos. – Eu não conheço meus pais desde que
nasci. A dona Maria, a mãe da Rosa, que cuidou de mim, do mesmo jeito que ela
queria cuidar de você. Mas a Rosa não queria que você tivesse uma vida de
pobreza. Ela queria garantir o seu futuro.
- Eu não queria ser rica, eu não importaria de
ser pobre. – falei soltando a porta e indo em direção a janela.
- Lia, você se importaria sim. Você tem uma
vida de princesa sempre teve tudo o que quis. Lá onde eu fui criado, você não
teria metade do que você tem. Você não teria esse emprego. – falou entrando no
quarto e vindo em minha direção.
- Você não entende. – sussurrei. – Minha mãe
nunca me dava atenção a não ser quando ela queria algo. Eu tenho muito
dinheiro, mas nunca tive a felicidade por completo. Você foi criado na pobreza,
mas recebeu muito amor e carinho. – falei olhando pra ele e indo em direção à
cama, ainda sentia uma tontura absurda.
- Quem te deu o amor de sobra todos esses
anos? Quem contava histórias pra você dormir? Quem dormia com você quando você
tinha pesadelos? Quem dava seu remédio quando você ficava doente? Quem escondia
todas as suas festas e travessuras quando era jovem? Quem mentia pra te ver
sorrir? Quem fazia todos os seus gostos? Quem te dava várias trocas de carinho
e afeto? Quem? Me diz quem? – ele falou se aproximando e sentando perto de mim
a cama.
- Cala boca!
- Esse é o seu problema Liana Anec, você não
sabe ter maturidade. Sabe quem é você?
- Sei.
- Não você não sabe. Você é uma menina que tem
medo dos seus sentimentos, você não tem coragem de enfrentar os seus medos,
você não sabe ouvir as verdades, você não resolve as coisas, você cria
problemas desnecessários porque você não sabe da um fim neles, você se afunda.
Você se afunda porque você não é corajosa o suficiente para lutar contar si. Você
se afunda porque você não é responsável o suficiente pra se erguer.
- Você é um babaca.
- Falar mal de mim, não vai fazer com que eu
tenha raiva de você, até porque você não atrai raiva, você atrai pena. Você
bebe pra fugir dos problemas, mas eles não vão sumir daí você tem medo de
resolvê-los e bebe mais e mais, pra nunca ficar sóbria e nunca os resolver. Até
quando você vai beber pra esquecer os seus problemas mal resolvidos? É ruim
ouvir as verdades não é? Tenho pena de você!
- E você? Você sabe quem é você? Seu idiota!
- Sei melhor que você sua bêbada, ridícula.
- Você é um jardineiro ridículo, que se
preocupa muito com a minha vida. Eu quero que você suma da minha cama agora.
Vai embora! – falei chegando perto dele.
- Você não tem mais moral nenhuma sobre mim. –
ele falou se aproximando de mim. – Daqui sinto o cheiro da sua incompetência
sentimental.
Quarto capítulo – Quarto tempo
- Dona Liana, como a senhora deixou que o seu
Jardineiro falasse assim? – perguntou a menina de branco sentada perto da
janela. - A Rosa demorou tanto assim pra chegar?
- A Rosa já estava na casa ela escutou a
conversa e decidiu não interferir.
...
- Qual o seu problema seu estúpido? Perdeu a
noção do perigo? – falei me levantando da cama e olhando bem no fundo dos seus
olhos, com as lágrimas escorridas pelo rosto completamente molhado.
- Você acha que a Rosa não sofreu – afirmou em
baixo tom, olhando fixamente pra mim com lágrimas secas nos olhos.
- Ela sofreu porque quis. – falei dando as
costas pra ele e cruzando os braços, olhando para um vaso de flores murchas
colocadas na mesinha de cabeceira da cama.
- Você está enganada Liana, ela sofreu pra te
ver crescer em um lar onde sua vida não seria pegar ônibus, fazer serviços domésticos,
hospital publico e escola pública. Ela sofreu pra você nascer no luxo, pena que
você não dá valor ao que ela fez. – falou pegando nos meus ombros e me virando.
- Se ela queria tanto o meu bem, por que ela
não pedia pensão ao meu pai e me criava? Ela podia me criar e meu pai pagava
minhas despesas. – falei olhando enxugando as lágrimas e olhando para os pés
sujos dele, as mãos dele ainda estavam tocando os meus ombros e os seus olhos
iam de encontro com o meu cabelo.
- Eu era uma jovem inexperiente Liana, o seu
pai notou que errou quando traiu a sua mãe, eu também errei. Se o seu pai me
desse uma pensão, lógico que a sua mãe iria desconfiar de alguma coisa. Ele não
queria te deixar morar comigo, ele te queria bem e me convenceu de que morar
aqui seria a melhor opção, eu era jovem e muito leiga, daí eu aceitei com a
condição de que seria a sua babá. – disse Rosa, parada na porta do quarto.
- Vou indo, é melhor vocês conversarem
sozinhas. – disse o Tomás, soltando os meus ombros e indo em direção à porta.
- Tomás, fique! – afirmou Rosa.
- Eu quero que vocês dois saiam do meu quarto,
agora. – falei fazendo um sinal para que eles saíssem do quarto.
- É você não suporta a verdade não é Liana? –
falou a Rosa – Você acha que o meu amor por você é falso? Eu te amo tanto que
eu preferir abrir mão de te criar na minha casa pra te dar um futuro brilhante.
Pena que eu como sua babá não lhe ensinei a ter caráter. – disse Rosa pegando
no braço do Tomás. – Vamos Tomás!
- Esperem! – falei. – Vocês dois só me julgam
sem pensar, como vocês acham que eu estou? Eu acabei de perder o meu pai e a
minha mãe de criação, descobri que sou filha da minha empregada e que meu
jardineiro é como um irmão da minha empregada. E vocês só me julgam? É muito
fácil me falar esse horror de coisas e querer que eu aceite. Mas eles eram os
meus pais, e morreram, morreram de uma forma horrível, eu recebi a noticia de
uma forma horrorosa. Outra coisa que vocês não sabem é que eu fui demitida, eu
perdi um dos melhores empregos do mundo. E eu sei que vocês me acham uma pessoa
sem caráter, mas quem são vocês pra falar de mim? Respondam-me quem são vocês?
- Liana...
- Cala boca! Deixe-me terminar Tomás. Tomás um
jardineiro que se meteu na história da patroa sem permissão e a Rosa empregada
que traiu a própria patroa. Isso é ter caráter pra você Rosa? Vocês escondeu
uma história por 24 anos e esconderia muito mais tempo, mas aconteceu essa
fatalidade e você aproveitou pra contar logo. Agora eu quero que você saia do
meu quarto e vá fazer um almoço descente pra mim. Ah... e você Tomás vá arrumar
o que fazer.
- Vamos Tomás. – disse Rosa
Aquele momento foi um dos mais difíceis pra
mim, passava todos os momentos felizes que eu tive ao lado dos meus pais, da
Rosa, passava momentos ruins também. Lembrava-me dos meus momentos em Nova York
e dos momentos no meu emprego, era como se tivesse rodando um filme do meu passado. Deitei-me na cama e chorei. Chorei, chorei me levantei. Tomei um banho e me arrumei, fui à cozinha e
almocei, era quase de noite e eu almoçando, comi pouco, mas comi alguma coisa. Sai de
casa sem que ninguém visse e aquela noite, eu estava pronta pra descarregar
toda a minha tristeza em algo que me fizesse ter paz, o álcool.