Eu tinha quinze anos e comecei em uma escola nova, eu era
primeiro ano do ensino médio e logo fiz amizade, sempre fui de me enturmar
rápido com as pessoas, levava fama de menina sem decência, mas eu não ligo pra
opinião de ninguém, minha mãe me ensinou a ser assim. Na segunda semana de aula
já tinha amizade com quase todos os colegas de classe, só não tinha muita
amizade com um pessoal que sentava nos fundos, era a turminha do Paulo um
menino que não ia muito com a minha cara, descobri que ele não gostava de mim
por causa do meu jeito alegre de ver a vida, eu também não ia muito com a cara
dele. Ele se achava o menino mais lindo da sala, se achava o tal só porque ele
era rico; o pai dele era empresário e a mãe era juíza ele tinha um bom
dinheiro. Passaram- se o primeiro semestre e a coordenadora entregou um papel
com uma viagem que ia ter para o acampamento de férias, cheguei em casa e pedi
a minha mãe que pagasse, logo ela pagou. O tempo se passou e chegou o dia da
viagem, era uma viagem pra um lugar bem distante, quase ninguém ia nesse acampamento
era longe, o local era de difícil acesso, e a escola determinou um limite de
alunos. Era quarenta alunos no máximo, poucos pais deixaram seus filhos irem só
foram trinta alunos para a viagem. Da minha turma só foram duas pessoas, eu e o
Paulo. Nossa como pode? Tantas pessoas poderiam ir pra essa viagem porque foi
logo ele que veio? Logo ele uma pessoa que eu não me dou bem. Voltando ao
assunto eu ia passar uma semana longe de tudo, eu estava completamente animada.
No ônibus eu fui perturbando até lá no acampamento e logo fiz amizade com todos
menos com ele, acho que alguma coisa me impedia de falar com aquele menino. Eu não tinha raiva dele eu só não gostava dele
porque ele sempre falava de mim na sala e isso é muito chato, como é que ele
pode me julgar sem nem me conhecer? Que ridículo.
Chegamos no acampamento, fiquei no mesmo quarto que Sophia,
Virna e Sara elas eram muito legais. Sara eu já conhecia de muito tempo, na
verdade ela era muito amiga minha já as outras meninas eu só conhecia do ônibus
mesmo. Então eu e a Sara formos passear pelo acampamento que era de fato o
lugar mais bonito que eu já vi em toda minha vida, tinha uma árvore que era
perfeita, com uma sombra maravilhosa, tinha um jardim cheio de rosas vermelhas
e tulipas, tinha também um lago com patos era simplesmente perfeito. Eu e a
Sara passamos à tarde na piscina. Pela noite teve um lual, mas eu preferia
ficar debaixo daquela arvore com uma lanterninha escrevendo um pouco, a noite
estava bem iluminada com uma lua cheia. Eu era uma jovem que escrevia textos em
um diário, era uma maluca consciente. Mas ai de repente eu encontro perto do
rio o Paulo deitado com a cabeça em cima de um tronco de madeira olhando para o
céu que estava bastante estrelado. Fiquei surpresa ao ver um menino tão metido
deitado no chão olhando as estrelas, criei coragem e fui lá.
- Oi! Eu disse com uma cara de admiração. Ele olhou o pra
mim e não falou nada. Então eu me deitei do lado dele olhei para as estrelas e disse:
- É muito lindo não é? Ele me olhou com uma cara de que não queria minha
presença ali. Mas eu sentia que ele estava precisando de uma amiga e eu não consegui
sair dali. Eu não acredito que eu estava falando com ele o menino mais chato da
escola. Como ele não respondia eu falei mais uma vez: - O que leva uma pessoa
tão popular está deitada olhando para o céu? Ele olhou pra mim e respondeu: - O
que você quer comigo Marcela? Eu olhei pra ele e comecei a rir, ele não entendia
o motivo das minhas risadas, ele só queria que eu me calasse então botou a mão
na minha boca e pediu pra eu fazer silêncio.
- Porque você quer que eu me cale?
- Não quero que ninguém saiba que eu tenho sentimentos. Se
você fizer alarmes eles vão me achar aqui.
- Qual é Paulo você não deve satisfações a ninguém.
- Não é tão fácil feito você diz.
- É sim, eu fiz isso minha vida inteira.
- Pra você é fácil, você se da bem com todo mundo. Olhei pra ele
naquele momento eu comecei a percebe que ele não era o menino chato que eu
imaginei, nunca passou pela minha cabeça que ele era legal que ele só era
tímido e se sentia excluído. – Paulo? Você se esconde até dos seus amigos? Quem
é você de verdade?
- Marcela não força, há 5 minutos eu nem falava com você e
agora você já quer saber do meu íntimo, por favor, vai embora.
- Eu realmente não entendo porque eu estou aqui falando
contigo, eu te achava um chato há 5 minutos, mas nesse nosso tempo de conversa
percebo que você se esconde, deixa eu te ajudar a se achar. Deixa eu te ajudar
a mostra para o mundo que você pode ser bem melhor. Ele me olhou no fundo dos
olhos pegou na minha mão e disse: - Você é uma ótima pessoa até amanhã. Não
entendi porque ele se retirou de perto de mim, mas eu o deixei ir dormir já
estava meio tarde mesmo, mas continue na beira daquele lago escrevendo no meu
diário.
Capitulo 2
Amanheceu e eu estava deitada na minha cama ainda não me
lembro com eu fui parar na cama, só lembro que fiquei até adormecer olhando
para as estrelas.
- Bom dia dorminhoca. Diz a Sophia.
- Vamos levante a monitora vai reclamar de novo. Fala a
Virna muito irritada.
- Calma meninas como vim parar aqui? As três olham pra mim e
então a Sara fala: - O Paulo te trouxe no braço, tive até pena dele um peso desse.
Caraca o Paulo me trouxe no braço. Porque ele voltou pra me buscar? Será que
ele tava me vigiando? Porque ele não me acordou? Mas ainda sim a única pergunta
que vem na minha cabeça é porque ele saiu ontem e não respondeu as minhas
perguntas?
A porta bate e a
Virna abre. Era a monitora veio nos chamar para tomar café, nós fomos e eu não
achei o Paulo na cantina, procurei ele pelo acampamento e não o encontrei, o
único lugar que eu não tinha procurado foi no cantinho perto do lago, onde estávamos
ontem, peguei meu diário e fui pra lá. De noite eu não tinha percebido como era
lindo. Tinha umas flores e uns bancos de madeira e várias arvores e muitos
pássaros e patos era um lugar muito lindo. De longe eu vejo o Paulo sentado
debaixo de uma árvore olhando para o lago. Ele parecia ta pensando em algo, cheguei
mais perto dele e disse: - Oie como vai? Ele me olhou e fez: - O que você quer
comigo de novo? Eu olho pra o lago jogo uma pedrinha no lago e falo: - Quero
que você me explique porque você fugiu da conversa ontem? Eu sei muito bem
Paulo que você não foi dormir, também sei que você me levou pro quarto depois. Ele
olhou no fundo dos meus olhos e falou: - Você não vai desisti né? Eu olhei pra
ele e ele olhou pra baixo, eu levante a cabeça dele e disse: - Não! Agora você
pode contar comigo, o que anda acontecendo com você Paulo? Ele olhou pegou
minha mão se deitou na graminha debaixo da árvore e falou: - Há dois anos os
meus pais se separaram, desde o acontecido minha vida tem sido um inferno, eles
moram no mesmo condomínio e vivem brigando, meu pai toda noite dorme com uma
mulher diferente, minha mãe sofre ao ver isso todos os dias. Eles não me dão
muita atenção e meus amigos só andam comigo por causa do dinheiro, minha família
mora em outro estado então aqui eu sou tenho de família minha mãe e meu pai. Eu
sempre me meto em brigas porque assim eu sempre atraio a atenção deles, mas eu
odeio fazer as outras pessoas se sentirem mal por uma bobagem minha. Ontem eu
não quis falar pra você porque eu pensei que você fosse que nem as outras
pessoas que só quer saber dos problemas por curiosidade, mas fiquei
impressionado ao ver você vim me procurar aqui. Ontem fiquei te observando você
escreveu um pouco, depois se deitou e logo adormeceu eu não consegui me segurar
e li a folha que você tava escrevendo no diário e percebi que você realmente
queria ser minha amiga e eu sempre impedia isso.
Eu olhei pra ele e me
deitei perto dele e disse: - Alguma coisa ta me incomodando desde ontem pra ser
tua amiga, eu sinto que você precisa de mim, me deixa te ajudar. Paulo nunca
imaginei que a sua vida fosse tão amarga, eu sempre vejo você tão sorridente
cheio de carisma brincando com todos.
- Ah Marcela! A vida
nem sempre é o que parece ser. Ele acabou dando um sorriso bobo.
- Paulo, eu vou te ajudar, a partir de hoje eu vou ser sua
amiga e você vai ter sempre alguém pra conversar e repartir segredos. De longe
escutamos a monitora nos chama, passamos a manhã toda conversando e já era a
hora do almoço e lógico que almoçamos juntos. As meninas ficaram furiosas
porque eu não almocei com elas. Assim que acabou o almoço nós íamos fazer uma
trilha então fui arrumar minha bolsa no quarto.
- Você não falava com ele há um dia e agora já nos trocou
por ele. Diz Sophia
- Ah meninas ele é meu amigo. Eu disse dando vários
sorrisos. A porta bate e era ele me chamando pra ver uma coisa. O que seria que
ele ia me mostrar? Fiquei curiosa. Então ele me levou até uma casinha
abandonada nela tinha uma porquinha cheia de filhotes apelidados de Pama que
era a junção dos nossos nomes. Logo voltamos para o ponto de partida, nós íamos
de ônibus até uma ponte e depois seguiríamos a pé, nós íamos conhecer uma área
esquecida daquela pequena cidade.
Capitulo 3
- Gabrielle Lima
Capitulo 3
Chegamos à reserva, era tudo
muito bonito, durante a trilha foi tudo muito tranquilo, eu sempre fui a mais
corajosa do bando. Pedi a monitora pra fazer a trilha do arvorismo mais o homem
que trabalhava no parque achou melhor eu não fazer, era muito alto e os
equipamentos já estavam bastante velhos. Eu sempre fui à menina mais exigente
do universo, nunca aceitava um não como resposta, adulei bastante até o homem
me liberar para fazer o arvorismo, eu fui a única da turma que estava preparada
para fazer a trilha.
De repente algo toca minha
mão,quando olho era a mão de Paulo, ele da um beijo na minha mão e diz: - Tem
certeza que você quer fazer isso? Tou achando muito arriscado.
- Paulo relaxa menino eu vou só
andar pelos troncos e cordas que estão presos nas arvores, o que isso tem de
assustador? Falei com um ar de deboche.
- Cara, você sempre vê as coisas,
as mil e umas maravilhas. Marcela olha a altura disso, olha bem como o
equipamento todo acabado, você tem a certeza de que quer fazer essa trilha de
arvorismo? Ele apertou minha mão bem forte, olhei pra ele e resmunguei: - Você
pode soltar minha mão, por favor, eu vou e ninguém vai me segurar.
Eu teimosa subi as escada, quando
cheguei à metade da escada olhei pra baixo, lá estava Paulo de cabeça baixa com
uma cara de desgosto, eu não tava nem ai, continuei subindo as escadas, chegando
lá em cima percebi que era muito mais alto do que esperava e o último obstáculo
era bastante complicado, mesmo assim eu não desisti, eu continuei. O primeiro obstáculo
foi o mais fácil eu logo passei por ele, percebi que a cada obstáculo que eu
passava o Paulo vinha andando em baixo sempre com uma atenção em mim, me senti
uma criança com ele me seguindo, foi então que eu gritei: - Vai ficar me
seguindo mesmo?
- Vou! Eu não confio em você ai
em cima, sua teimosia me irrita.
- Nossa! Que legal, eu não ligo
pra sua opinião! Falei dando várias risadas.
- Ta Marcela, você tem o poder de
me morgar. Aff!
- Ei! Psiu! Tu moras no meu
coração. Levei uma das minhas mãos à boca e mandei um beijo pra ele.
- Marcela! Você é doida ou se
finge? Segura isso com as duas mãos, por favor.
- Calma! Falei completando a penúltima
fase. Quando cheguei ao troco na última arvore olhei pra ele e falei: - Olha ai
seu bobo não aconteceu nada comigo.
Continuei a minha trilha, sendo
que eu não havia percebido que a minha corda estava um pouco mais fina que o
normal, na verdade ela estava desfiando, como eu estava conversando com o Paulo
eu não percebi que ela estava por um fio.
- Paulo, esse obstáculo é o mais difícil,
mas dá pra passar segurando com uma mão só.
- Marcela, não faça isso! Segure
com as duas.
Eu amava quando ele fazia a
careta de mandão, era como se ele quisesse ser o meu pai, querendo mandar em
mim á pulso.
- Calma! Eu sou doida mais nem
tanto.
Mas de repente, do nada veio um enjoo e fiquei
tonta.
- Marcela! O que você tem? Moço!
Ajude ela! Ela está passando mal! Vamos moço ajude ela! Suba pra pegar ela
moço!
Comecei a ouvir Paulo gritar de
longe, depois senti meu corpo leve e do nada várias pessoas em cima de mim,
percebi uma ambulância chegando e depois ficou tudo preto.
Capitulo 4
Quando acordei, não entendi onde estava,
não conseguia entender porque eu não conseguia mexer as minhas pernas e o
motivo do meu braço esta enfaixado, só me lembrava de estar tonta e de uma
ambulância. Então vejo um menino de costas olhando pela janela do quarto.
- Paulo? É você que ta ai?
- Oi! Que bom que você acordou eu
tava desesperado, pensei que você nunca mais ia acorda. Desculpas o jeito de
falar, estou nervoso.
- Paulo onde estou? Por que não
estamos no acampamento? O que aconteceu? Cadê a minha mãe? Por que não sinto
minhas pernas?
- Marcela calma! Vou te explicar
tudo. Você passou mal lá na trilha do arvorismo e sua corda tava por um fio na
hora que você soltou suas duas mãos da corda, a corda que lhe segurava se
partiu e você caiu você bateu com a cabeça, quebrou um braço e sua coluna se
deslocou, por isso que você não sente suas pernas. Você ficou adormecida por
três horas e meia, liguei para os seus pais e eles já estão vindo.
- Paulo eu estou paraplégica não é?
Ele olha pra mim com o olhar de culpa, mas culpa pelo o quê? Eu que quis subir
naquela arvore e fazer essa trilha, ele me avisou várias vezes pra eu não ir,
mas eu que fui à teimosa.
- Não! Você vai fazer uma
cirurgia, eles vão tentar botar a sua coluna no lugar de antes é uma cirurgia
arriscada, tem que ter a autorização dos seus pais, por isso eles ainda não
fizeram.
- Paulo até os meus pais chegarem
eu estou paraplégica, por que só esta você aqui comigo? Cadê a professora?
Eu estava tentando ser forte mais
eu sei que era grave, o semblante de Paulo dizia tudo. Ele estava pálido, com
olhos arregalados. Não conseguia ficar vendo ele pra lá e pra cá, de um canto
para o outro naquele quarto de hospital.
- A professora voltou ao
acampamento para avisar que ia encerrar a viagem, ela foi buscar minhas malas e
as suas, ela vai esperar sua mãe chegar e vai voltar com os outros alunos para
a escola, depois ela vai dar um apoio a sua mãe no que for preciso, não sabemos
quanto tempo vamos passar aqui Marcela.
Uma das coisas mais bonitas que
eu achava sobre Paulo era que ele nunca escondia a verdade, sempre falava tudo
pra mim, nunca escondendo.
- Paulo cadê a Sara?
- Ela estava aqui comigo e a
Professora, mas a professora a levou, pois o médico disse que só pode três
pessoas por paciente, então não dá pra ela ficar aqui conosco. Mas ela estava
aqui o tempo todo, não saiu do seu lado. Ela até chorou e falou com o médico,
fez o maior escândalo porque a enfermeira demorou pra vim te ver. E também me
pediu pra sempre ligar pra ela. Marcela você tem uma ótima amiga.
-Paulo você vai ficar aqui
comigo? Até eu sair do hospital?
- Sim! Só vou sair deste quarto
se você me pedir pra trocar de roupa, porque se for pra eu ir pra casa eu não
vou, nem que a minha mãe venha me busca, mas eu acho bem difícil eles notarem
que não cheguei do passeio.
- Para com isso! Paulo você
poderia chamar a enfermeira estou com um pouco de dor de cabeça.
- Lógico, faço tudo pra te ver
bem.
Paulo era um fofinho, estava ali
só pra cuidar de mim, talvez pelo fato de que eu era a única pessoa no mundo
que escutei o que ele tinha pra falar e desvendei os mistérios que ele
escondia. Ele estava me tratando como uma princesa, até passando dos limites,
mas até os meus pais chegarem ele estava sendo a minha família.
Capitulo 5
A enfermeira me trouxe o remédio
e a dor de cabeça aliviou. Meus pais estavam demorando uma eternidade pra
chegar ao hospital, eu estava sentindo várias dores no corpo, mas não queria
preocupar Paulo, ele já estava bastante preocupado.
- Você melhorou da dor de cabeça?
- Melhorei.
- Tem certeza? Você não estar
mentindo pra mim não é?
- Paulo eu estou bem.
- Marcela os donos do acampamento
venderam a Pama, se lembra dela?
- Lógico, venderam pra quem? Por
que venderam?
- A única coisa que eu sei é que
venderam para um casal de senhores que tem uma filha única de 15 anos. Eles
venderam, pois vão fechar o acampamento. Depois do acidente com você, o que
restava de interesse no acampamento, foi por água a baixo.
- Cadê meus pais Paulo?
- Eles tiveram um imprevisto, mas
já tão chegando.
- Aff! Que demora. Quero fazer
logo essa cirurgia.
Sentia as dores aumentaram de
pouquinho em pouquinho a cada instante, o pior de tudo era a demora dos meus
pais. Por que essa demora toda? Meus
pais estavam demorando tanto por quê?
- Filha! Como você está?
- Oi mãe. A senhora e o papai por
ir logo assinar os papeis pra eu poder entrar na sala de cirurgia?
O papai chama o Paulo quando
estou falando com a mamãe, mas o que será que eles dois estavam conversando em
segredo lá fora? Por que eles não falaram aqui dentro do quarto? Será que foi
pra eu não ouvir essa conversa deles?
- Paulo meu querido, como está à
situação da minha filha? Ela está com algo mais grave?
- Bom seu Jorge, a Marcela está
paraplégica, os médicos acham que fazendo uma cirurgia, pode haver uma
possibilidade de ela ganhar algum movimento, mas lógico que ela vai ter que
fazer fisioterapia. De grave só tem isso.
- Paulo, como esta o emocional
dela?
- Olha seu Jorge, ela não
reclamou de nada até agora, esta levando tudo numa boa, eu que estou preocupado,
sou amigo da sua filha há três dias, mas é como se fosse a vários anos. Ela me
faz feliz, a chatice dela me encanta, a forma como ela me trata me fascina, o
jeito dela viver a vida me inveja. O problema todo é que ela não leva nada a
sério, ela ao senti as pernas e mesmo assim ela não esta nem ai, pra ela tudo é
lindo e tudo vai ficar bem, isso me preocupa.
- Paulo, eu a ensinei a ser
assim. Nós vamos lutar pra ela andar de novo. E você agora faz parte da nossa
família. Você cuidou da minha filha no momento em que ela mais precisou, eu não
tenho palavras pra descrever o que eu estou sentindo agora, em relação a você.
Eu tenho certeza que ela sente o mesmo, que você sente por ela.
- Seu Jorge, eu amo sua filha. Eu
a amo muito, a amo de verdade e não é como amigo, se é que me entende.
- Eu sei meu garoto! Eu vejo nos
seus olhos, em falar nos seus olhos, você precisa dormir. Paulo seus olhos
estão fundos, você está com olheiras. Você comeu algo depois que chegou aqui?
- Não senhor. Desde que cheguei
aqui não sai do quarto, quer dizer só sai pra chamar a enfermeira. Não queria
sair de perto da Marcela, fiquei com medo que ela passasse mal ou que ela
sentisse falta de alguém do lado dela.
- Paulo, o que vocês estão
conversando, posso saber?
- Oi, dona Carmem. Estamos...
- Estamos conversando sobre a
vida Carmem dá um tempo pra gente, por favor.
- Ignorante, nem no hospital você
me respeita! Paulo a Marcela ta te chamando.
Eu mandei chamar o Paulo, em momento algum ia
perguntar o que ele estava conversando com o papai, entendo que era coisa só
deles.
- Mandou me chamar, Marcela?
- Mandei sim. Olha Paulo, o
medico me disse que a cirurgia é de risco, não vou mentir estou com medo. Se eu
não resistir, cuida da Sara e da minha família por mim?
- Marcela! Para com isso! Você não
vai morrer e se morrer eu vou junto, o único fato que me prende a terra agora é
você.
Capitulo 6
- Anw que fofo, se eu não fosse
tão chata eu choraria com isso.
- Ai Marcela! Só você pra me fazer
rir.
A enfermeira estava demorando pra
vim me buscar, então começamos a conversar e rir, como duas crianças bobinhas.
Passamos uns vinte minutos rindo e conversando até a enfermeira vim me arrumar
para a cirurgia.
- Vamos mocinha? Vou lhe ajudar a
se preparar. Diz a enfermeira.
- Tchau Paulo, eu te amo.
Nossa como eu consegui dizer pra
ele que eu o amava, era a primeira vez. Eu nunca dizia que amava as pessoas. Eu
não gosto de falar que amo, pra mim o amor é algo que se sente e não que se
fala.
- Também te amo Marcela.
Vieram mais enfermeiros e me botaram numa
maca, fui levada pra a sala de cirurgia, ninguém pode entrar na sala comigo, a
não serem os médicos e enfermeiros. Fiquei acordada por um tempo depois
apaguei.
- Paulo? Vá dormir querido.
- Não dona Carmem, eu vou esperar
ela sair.
- Olhe meu garoto, o medico disse
que essa cirurgia vai ser demorada, descanse um pouco. Você esta abatido, você
comeu algo?
- Não estou com fome. Eu não vou
dormir. Vou ficar aqui esperando ela sair.
- Paulo, eu vou te contar uma
história.
- Hum.
- Quando eu era da sua idade me
apaixonei por um rapaz, ele era bonito que nem você. Nós dois éramos inseparáveis,
estudávamos juntos e éramos vizinhos. Nós sempre fomos muito amigos, mas todos
achavam que ia dar casamento, eu e ele negávamos o tempo todo. Quando
completamos dezesseis anos reparamos que a nossa amizade tinha virado um amor.
Um amor doentio das duas partes, eu não deixava ele conversar nem com minha mãe
por conta de ciúmes, e eu só tinha um amigo homem que era ele. Começamos a
namorar, nem a minha família, nem a dele apoiava o namoro, nós dois sempre brigávamos.
Com três anos de namoro descobri que ele tinha câncer. Ele passou nove meses no
hospital e eu fiquei nove meses desse jeito que você esta agora. Fiquei
abatida, com os olhos fundos, nem estudar eu queria. Eu fazia faculdade de direito. Ele não gostava
de me ver abatida, ele brigava comigo, mas eu não conseguia me arrumar, nem
comer direito. Eu perdi 10kg fiquei mais magra e olha que eu não era nem
gordinha. Por causa da minha obcessão por esta sempre com ele, eu mesma o
deixava mal. Meu garoto vá comer, vá tomar banho e vá descansar, para que
quando minha filha acordar da cirurgia você estar limpinho, arrumado, cheiroso
e agradável pra ela.
- O que aconteceu com ele? Ele
morreu?
- Não! Ele hoje está mais velho.
Um velho careca, barrigudo e chato. Olha ele ali sentado.
- Nossa que história linda a sua
e a do seu Jorge. Amor de infância.
- Meu amorzinho, quando eu olho
pra você aqui nessa sala esperando agoniado por minha filha, eu me lembro de
como eu me sentia. Essa é a pior sensação do mundo.
- Dona Carmem, eu amo sua filha.
Ela foi à única que se importou comigo, que procurou me ajudar, que cuidou de
mim, que me protegeu, me deu uma mão amiga, ela me olhou como um amigo de
verdade, ela não ligou para o meu dinheiro.
- Eu sei meu garoto, ela também
te ama muito.
- Olha dona Carmem, lá vem o medico!
- Então doutor como esta a
situação da minha filha?
- Bom, sua filha teve uma parada cardíaca
na hora da cirurgia, mas os batimentos logo voltaram, não foi preciso nem anima-la
de novo, foi um milagre e a cirurgia foi um sucesso.
Quando acordei já estava no meu
quarto. O Paulo estava todo limpinho, cheiroso e não estava mais com uma aparência
de zumbi.
- Mãe?
- Oi minha flor, sua mãe foi
tomar café com o seu pai. Eu quis esperar você acordar.
- Quantas horas eu dormir Paulo?
- Cinco horas, isso é normal.
- Você esperou cinco horas nesse
sofá?
- Não né! Eu me levantei, eu fiquei perto de você,
peguei na sua mão, conversei um pouco.
O Paulo era com toda certeza o
menino mais fofo do mundo, ele estava mais do meu lado do que minha própria
família, mas por que minha mãe estava o deixando passar mais tempo que ela do
meu lado?
Capitulo 7
Eu não estava me sentindo muito bem, estava
com um gosto amargo na boca, ainda não sentia minhas pernas e estava me
sentindo mole.
- Filha!
- Oi mãe, cadê o pai e o Paulo?
-Estão comendo e conversando um
pouco. Filha você estar se sentindo bem? Estou te achando meio pálida.
- Ah mãe! Eu estou bem.
Não entendi o porquê eu não conseguia
falar o que eu estava sentindo pra minha mãe. Eu amava minha família, mas eu
queria que o Paulo estivesse ali comigo naquele quarto. Ele me fazia bem mesmo
calado. Esperei ele chegar mais eu não consegui aguentar e cabei dormindo de
novo.
- Marcela ainda dorme dona
Carmem?
- Sim meu garoto, ela acordou,
perguntou por você. Ela te espetou, mas vocês
demoraram um pouco e ela acabou adormecendo.
- Droga! Não era pra eu ter saído
do quarto!
- Calma filho! Ela vai acordar de
novo. Paulo, você não acha melhor ligar
para os seus pais?
- Não, dona Carmem. Eles não
sentem a minha falta.
- Lógico que sentem!
- A senhora não sabe minha
história de vida e eu lhe peço para não me perguntar.
No meu quarto tinha um sofá para
visitantes, quando eu acordei Paulo estava dormindo, eu não queria acorda ló,
ela dormia tão bonito. Fiquei um tempo olhando pra ele e quando percebo esta a
minha mãe nos olhando pela janela, faço sinal pra ela entrar.
- Você gosta dele, Marcela?
- Ah mãe! Acho que não, só
amizade mesmo.
- Me defina como ele é?
- Ele é o menino mais fofo do
mundo, não é só a pele lisa, o rostinho fino, cabelos lisos castanhos e olhos
claros que me encantam, mas sim o jeito meigo e protetor que ele tem. Olha como
ele dorme parece um anjo deitado em uma nuvem. Ele é um menino que não é muito
de se enturmar, não é de ter muitas amizades, mas quando a amizade é verdadeira
e quando á o amor ele cuida, ele protege.
- Filha, você também o ama.
- como assim, também?
- Ah Marcela! Ele te ama filha.
Ele não dorme e não come direito. Ele fica do teu lado segurando tua mão o
tempo todo, fica tocando no teu rosto e te encarando, fica conversando, anda de
um lado para o outro dentro desse quarto. Filha ele não sai do seu lado e só
sai do quarto quando ele está realmente necessitado.
- Meu Deus! Ele gosta de mim! Mãe
ele ta se mexendo, me deixa sozinha com ele que eu quero conversar um pouco.
- Olha lá o que você vai falar
com ele Marcela!
A minha mãe acha que eu sou
doida, eu não vou falar nenhuma besteira, não vou magoar o menino que só quer o
meu bem.
- Marcela? Como você esta? Faz
tempo que você acordou?
- Oi, Eu estou bem. Faz um
tempinho que acordei, não o acordei porque você estava dormindo tão bonitinho.
- Flor, a Sara me ligou. Ela
perguntou como você estava. Ela mandou um beijo e avisou que mais tarde ela vem
te ver.
- Ai que bom! Sinto falta dela.
Paulo, eu acho que pela primeira vez o amor bateu em minha porta.
Paulo arregala os olhos, ele fica
pálido e extremamente nervoso.
- Na minha ele já bateu há alguns
dias, quando certa novata entra da minha sala e se sente a dona da turma.
Quando Paulo falou isso não tive
dúvidas, ele realmente estava gostando de mim. Eu e ele estávamos entrando em sintonia.
Eu ainda estava com um frio na barriga, bastante gelada e com muita vergonha.
Eu sabia que gostava dele e que esse amor era recíproco, mas eu ainda estava tímida
e insegura de expor mais ainda os meus sentimentos.
Capitulo 8
- Paulo, então você também me
ama? Você não liga pra o fato de que eu tenho mais amigos homens? Você não liga
por eu ser teimosa? Você não liga pra eu ser chata? Você não se importa por eu
ser grossa, seca e ignorante?
- Marcela meu amor, quando existe
amor tudo passa a ser perfeito.
- O que eu significo pra você
Paulo?
- Você pra mim é como a mais bela
flor do jardim. Quando estou contigo é como se o tempo parece e as coisas as
redor fossem sempre coisas boas e que o seu sorriso fosse o ar que eu respiro.
Você no inicio era só uma garota chata, mas realmente eu fui me apaixonando por
você e hoje eu sei que o que me conquistou de verdade foi esse teu jeitinho de
marrenta.
- Paulo você não liga mesmo para
o fato que eu estou doente, em um quarto de hospital e paraplégica?
- Você esta mais linda do que
nunca. O amor vence barreiras, quebra muralhas e destrói gigante. Veja a
história dos seus pais, sua mãe tinha tudo pra desistir e ela lutou até o
final.
De repende Paulo vem se
aproximando de mim e quando eu reparo já estamos nos beijando.Na melhor parte a
Sara liga. Ela estava vindo me visitar. O Paulo não queria que ela viesse,
percebi isso pelo jeito que ele falou com ela. Era como se ele quisesse me ter
só pra ele. Mas acho que era só coisa da minha cabeça mesmo.
- Marcela, ai amiga como você
está?
A Sara quando chegou foi logo me
abraçando, me beijando. Parecia que ela tinha passado quatro anos sem me ver,
mas só tinha passado quatro dias.
- Oi amiga, eu estou bem. Estou
cheias de novidades pra ti contar, coisas boas.
- Me conta logo.
Paulo não queria deixar eu e a
Sara sozinhas, ele estava sempre perto da gente, fingindo não estar prestando
atenção na conversa.
- A primeira é que eu e o Paulo estamos
nos entendendo. A segunda é que eu vou começar a fisioterapia em breve e a
terceira é que estou muito feliz.
- Ai amiga, que bom! Marcela, eu estou
te achando meio pálida.
Pra quê a Sara foi falar isso? Só
foi ela falar que Paulo se aproximou.
- Você esta bem, Marcela? Diz
Paulo pegando na minha mão. – Estou te achando meio fria.
- Eu estou bem, só um pouco
enjoada, mas isso é normal.
- Isso não é normal amiga. Diz
Sara aflita
Paulo não espera nem eu pedir,
ele foi logo chamando a enfermeira e comunicando aos meus pais que eu estava me
sentindo enjoada.
- Oi senhorita o que você sente?
Fala a enfermeira toda calma.
- Só estou enjoada isso é normal,
faz quatro dias que não saiu dessa cama, não é?
- Bom mocinha, eu vou medir sua
temperatura e pressão, pra ver se não é nada grave, ok?
- Ok, só acho que isso não é
necessário.
Comecei a me sentir tonta, meio
leve e de repente tudo ficou preto de novo.
Capitulo 9
Quando eu acordei estava todos ao
meu redor, todos assustados e muito preocupados. Os meus pais não estavam
transmitindo que estavam aflitos, mas o Paulo e a Sara estavam andando de um
lado para o outro que nem duas baratas tontas.
- O que aconteceu? - Eu pergunto.
- Você desmaiou. Mas vai ficar
bem, vamos aumentar a sua medicação. – Responde a enfermeira
- Por quê? Não será preciso! Eu
só me sinto enjoada.
- Você esta tomando pouca
medicação, é quase nada.
A enfermeira me deixou preocupada.
Será que meu corpo estava negando os remédios? Mas por que eles não me falaram
isso? Por que tantos mistérios me envolvendo? Por que eu não tinha começado a
quimioterapia ainda? Foi então que pedi pra ficar sozinha com a Sara no quarto.
O Paulo não queria sair mais os meus pais o chamaram para conversar.
- Sara, onde esta meu diário? Eu
preciso escrever, eu preciso desabafar, eu preciso ter o meu cantinho.
- Desabafa comigo, eu juro que
não conto pra ninguém, nem pra o Paulo.
- Não! Eu quero meu diário, me
dar o meu diário.
- Não está comigo, estar com o Paulo.
Desde que você sofreu esse acidente, todos os seus pertences esta com ele.
- Droga! Quero meu diário.
Do nada comecei a chorar. Não
entendi porque eu estava chorando. Eu tava tendo várias alterações no humor, e
eles sempre estavam me tratando com toda paciência do mundo... Do outro lado do
hospital...
- Paulo, você está sufocando
minha filha! O que você tem por ela não é amor é obcessão. Só faz sete dias que
vocês são amigos e você não quer deixar ela nem a sós com a amiga.
- Me desculpe seu Jorge, eu amo
sua filha. Eu a amo desde que eu a vi pela primeira vez na sala de aula. Mas eu
nunca admitir isso pra mim, porque os colegas que andavam comigo não gostavam
dela, eu era infantil e pensava do mesmo jeito que eles, mas percebi que sua
filha é o anjo mais bonito e gentil do mundo, não quero a deixar sozinha.
- Paulo é muito lindo a forma
como você a ama, mas você esta sufocando ela.
- Me desculpe eu vou mudar.
Quando Paulo chegou ao quarto à
enfermeira estava aplicando o meu remédio no soro. Ele sentou do meu lado na
cama me deu um beijo e logo em seguida se deitou, a enfermeira reclamou porque
ele estava deitado na mesma cama que eu, ele não podia, mas eu conversei com
ela e ela deixou por dez minutos. Ele botou o braço debaixo da minha cabeça e
eu encostei minha cabeça no peito dele.
- Cadê o meu diário?
- Esta na minha bolsa.
- Você leu?
- Lógico que não. Eu sei que diários
são livros íntimos, não quero vasculhar o seu íntimo. Quero deixar você à
vontade. Cadê a Sara?
- Ela foi tomar um café. Ela esta
preocupada comigo, eu sinto. Da mesma forma que você esta aflito, afinal o que
eu tenho?
- Amor, o seu corpo está reagindo
aos medicamentos. Ele está negando. O médico acho melhor mudar o remédio e aumentar as dozes e
com intervalos menores.
- Sábia que algo de errado estava
acontecendo comigo. Quais os riscos se isso der errado?
- Morte! Marcela, eu ofereci aos
seus pais um hospital mais caro, eu bancaria tudo, pagaria todas as despesas,
mas eles não aceitaram.
- Paulo eu não quero seu
dinheiro. Amor você já pensou na minha morte?
- Não! Para! Você não vai morrer.
- Paulo se eu morrer cuida da
Sara e da minha família por mim.
Ele beijou minha testa e disse: -
Você não vai morrer.
Paulo só queria o meu bem, mas eu
não queria o dinheiro dele. Aquele momento ali no quarto com ele me fez se
sentir única, eu sei que eu estava doente, mas eu era a menina mais feliz do
mundo. Passamos mais de dez minutos ali deitados. Até que nós dois pegamos no
sono.
- Marcela! Calma, vou chamar a
enfermeira! Enfermeira corra! Ela esta tendo uma convulsão!
Não entendia o que estava
acontecendo, via Paulo e sara chorando, minha mãe e o meu pai gritando, os médicos
e enfermeiros em cima de mim, vi uma agitação no quarto e de repente tudo ficou
preto mais uma vez.
Capitulo 10
- Vamos! Um... dois... três...! Vamos,
de novo! Um... dois... três... ! Reaja! Vamos perdê-la! Mas uma vez! Um...
dois... três!
- Marcelaaa! Fica comigo!
Marcela! Não me deixe! Reaja! Marcelaaaa...
Trinta anos depois...
- Vamos Marcela! Temos que ir
agora, vou me atrasar. Tenho outro compromisso.
- Estou pronta mãe, já estou
descendo.
- Cadê seu pai?
- Está se arrumando, a senhora
sabe que pra ele não é fácil.
Sara sobe as escadas e encontra
com Paulo de frente pra o espelho chorando.
- Vamos Paulo, tenho compromisso
ainda hoje.
- Você acha que é fácil pra mim?
Eu sei que já fazem trinta anos, mas eu sinto um vazio enorme. Eu te amo Sara,
mas você sabe muito bem que a Marcela foi o grande amor da minha vida, nunca
mais vou esquecer o nosso amor, você achar que é fácil ir todos os dias nessa
mesma data ao cemitério? A Marcela vai sempre ter um lugar no meu coração. Você
sabe muito bem que a única lembrança viva que eu tinha dela era a Pama, que os
pais dela me deram logo depois da morte dela, mas a Pama faleceu e com ela se
foi à única lembrança viva da Marcela.
- Você acha que é fácil pra mim
também? Ela era como uma irmã pra mim. Eu amava a Marcela. Mas eu te entendo,
ela foi o seu primeiro amor. Eu sei que foi difícil pra você a ver morrendo
daquele jeito. Afinal você estava ao lado dela quando ela teve a convulsão e
logo depois a parada cardíaca. Paulo todo mundo sabia que ela estava por um fio
naquele hospital, você sabia que ela estava correndo risco de vida. O corpo
dela rejeitava os remédios, ela estava tento várias alterações no emocional e
você sabia que ela poderia ter convulsão, febre, enjoo e vomito. Mas olha ao
seu redor, nós agora temos uma família e uma filha linda que pode não parecer
com a Marcela de aparência, mas tem a mesma personalidade e o mesmo nome. Eu
sei que dói saber que a história de vocês durou apenas uma semana.
- Gabrielle Lima
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