- Eles tiveram um imprevisto, mas
já tão chegando.
- Aff! Que demora. Quero fazer
logo essa cirurgia.
Sentia as dores aumentaram de
pouquinho em pouquinho a cada instante, o pior de tudo era a demora dos meus
pais. Por que essa demora toda? Meus
pais estavam demorando tanto por quê?
- Filha! Como você está?
- Oi mãe. A senhora e o papai por
ir logo assinar os papeis pra eu poder entrar na sala de cirurgia?
O papai chama o Paulo quando
estou falando com a mamãe, mas o que será que eles dois estavam conversando em
segredo lá fora? Por que eles não falaram aqui dentro do quarto? Será que foi
pra eu não ouvir essa conversa deles?
- Paulo meu querido, como está à
situação da minha filha? Ela está com algo mais grave?
- Bom seu Jorge, a Marcela está
paraplégica, os médicos acham que fazendo uma cirurgia, pode haver uma
possibilidade de ela ganhar algum movimento, mas lógico que ela vai ter que
fazer fisioterapia. De grave só tem isso.
- Paulo, como esta o emocional
dela?
- Olha seu Jorge, ela não
reclamou de nada até agora, esta levando tudo numa boa, eu que estou preocupado,
sou amigo da sua filha há três dias, mas é como se fosse a vários anos. Ela me
faz feliz, a chatice dela me encanta, a forma como ela me trata me fascina, o
jeito dela viver a vida me inveja. O problema todo é que ela não leva nada a
sério, ela ao senti as pernas e mesmo assim ela não esta nem ai, pra ela tudo é
lindo e tudo vai ficar bem, isso me preocupa.
- Paulo, eu a ensinei a ser
assim. Nós vamos lutar pra ela andar de novo. E você agora faz parte da nossa
família. Você cuidou da minha filha no momento em que ela mais precisou, eu não
tenho palavras pra descrever o que eu estou sentindo agora, em relação a você.
Eu tenho certeza que ela sente o mesmo, que você sente por ela.
- Seu Jorge, eu amo sua filha. Eu
a amo muito, a amo de verdade e não é como amigo, se é que me entende.
- Eu sei meu garoto! Eu vejo nos
seus olhos, em falar nos seus olhos, você precisa dormir. Paulo seus olhos
estão fundos, você está com olheiras. Você comeu algo depois que chegou aqui?
- Não senhor. Desde que cheguei
aqui não sai do quarto, quer dizer só sai pra chamar a enfermeira. Não queria
sair de perto da Marcela, fiquei com medo que ela passasse mal ou que ela
sentisse falta de alguém do lado dela.
- Paulo, o que vocês estão
conversando, posso saber?
- Oi, dona Carmem. Estamos...
- Estamos conversando sobre a
vida Carmem dá um tempo pra gente, por favor.
- Ignorante, nem no hospital você
me respeita! Paulo a Marcela ta te chamando.
Eu mandei chamar o Paulo, em momento algum ia
perguntar o que ele estava conversando com o papai, entendo que era coisa só
deles.
- Mandou me chamar, Marcela?
- Mandei sim. Olha Paulo, o
medico me disse que a cirurgia é de risco, não vou mentir estou com medo. Se eu
não resistir, cuida da Sara e da minha família por mim?
- Marcela! Para com isso! Você não
vai morrer e se morrer eu vou junto, o único fato que me prende a terra agora é
você.
Capitulo 6
- Anw que fofo, se eu não fosse
tão chata eu choraria com isso.
- Ai Marcela! Só você pra me fazer
rir.
A enfermeira estava demorando pra
vim me buscar, então começamos a conversar e rir, como duas crianças bobinhas.
Passamos uns vinte minutos rindo e conversando até a enfermeira vim me arrumar
para a cirurgia.
- Vamos mocinha? Vou lhe ajudar a
se preparar. Diz a enfermeira.
- Tchau Paulo, eu te amo.
Nossa como eu consegui dizer pra
ele que eu o amava, era a primeira vez. Eu nunca dizia que amava as pessoas. Eu
não gosto de falar que amo, pra mim o amor é algo que se sente e não que se
fala.
- Também te amo Marcela.
Vieram mais enfermeiros e me botaram numa
maca, fui levada pra a sala de cirurgia, ninguém pode entrar na sala comigo, a
não serem os médicos e enfermeiros. Fiquei acordada por um tempo depois
apaguei.
- Paulo? Vá dormir querido.
- Não dona Carmem, eu vou esperar
ela sair.
- Olhe meu garoto, o medico disse
que essa cirurgia vai ser demorada, descanse um pouco. Você esta abatido, você
comeu algo?
- Não estou com fome. Eu não vou
dormir. Vou ficar aqui esperando ela sair.
- Paulo, eu vou te contar uma
história.
- Hum.
- Quando eu era da sua idade me
apaixonei por um rapaz, ele era bonito que nem você. Nós dois éramos inseparáveis,
estudávamos juntos e éramos vizinhos. Nós sempre fomos muito amigos, mas todos
achavam que ia dar casamento, eu e ele negávamos o tempo todo. Quando
completamos dezesseis anos reparamos que a nossa amizade tinha virado um amor.
Um amor doentio das duas partes, eu não deixava ele conversar nem com minha mãe
por conta de ciúmes, e eu só tinha um amigo homem que era ele. Começamos a
namorar, nem a minha família, nem a dele apoiava o namoro, nós dois sempre brigávamos.
Com três anos de namoro descobri que ele tinha câncer. Ele passou nove meses no
hospital e eu fiquei nove meses desse jeito que você esta agora. Fiquei
abatida, com os olhos fundos, nem estudar eu queria. Eu fazia faculdade de direito. Ele não gostava
de me ver abatida, ele brigava comigo, mas eu não conseguia me arrumar, nem
comer direito. Eu perdi 10kg fiquei mais magra e olha que eu não era nem
gordinha. Por causa da minha obcessão por esta sempre com ele, eu mesma o
deixava mal. Meu garoto vá comer, vá tomar banho e vá descansar, para que
quando minha filha acordar da cirurgia você estar limpinho, arrumado, cheiroso
e agradável pra ela.
- O que aconteceu com ele? Ele
morreu?
- Não! Ele hoje está mais velho.
Um velho careca, barrigudo e chato. Olha ele ali sentado.
- Nossa que história linda a sua
e a do seu Jorge. Amor de infância.
- Meu amorzinho, quando eu olho
pra você aqui nessa sala esperando agoniado por minha filha, eu me lembro de
como eu me sentia. Essa é a pior sensação do mundo.
- Dona Carmem, eu amo sua filha.
Ela foi à única que se importou comigo, que procurou me ajudar, que cuidou de
mim, que me protegeu, me deu uma mão amiga, ela me olhou como um amigo de
verdade, ela não ligou para o meu dinheiro.
- Eu sei meu garoto, ela também
te ama muito.
- Olha dona Carmem, lá vem o medico!
- Então doutor como esta a
situação da minha filha?
- Bom, sua filha teve uma parada cardíaca
na hora da cirurgia, mas os batimentos logo voltaram, não foi preciso nem anima-la
de novo, foi um milagre e a cirurgia foi um sucesso.
Quando acordei já estava no meu
quarto. O Paulo estava todo limpinho, cheiroso e não estava mais com uma aparência
de zumbi.
- Mãe?
- Oi minha flor, sua mãe foi
tomar café com o seu pai. Eu quis esperar você acordar.
- Quantas horas eu dormir Paulo?
- Cinco horas, isso é normal.
- Você esperou cinco horas nesse
sofá?
- Não né! Eu me levantei, eu fiquei perto de você,
peguei na sua mão, conversei um pouco.
O Paulo era com toda certeza o
menino mais fofo do mundo, ele estava mais do meu lado do que minha própria
família, mas por que minha mãe estava o deixando passar mais tempo que ela do
meu lado?
Capitulo 7
Eu não estava me sentindo muito bem, estava
com um gosto amargo na boca, ainda não sentia minhas pernas e estava me
sentindo mole.
- Filha!
- Oi mãe, cadê o pai e o Paulo?
-Estão comendo e conversando um
pouco. Filha você estar se sentindo bem? Estou te achando meio pálida.
- Ah mãe! Eu estou bem.
Não entendi o porquê eu não conseguia
falar o que eu estava sentindo pra minha mãe. Eu amava minha família, mas eu
queria que o Paulo estivesse ali comigo naquele quarto. Ele me fazia bem mesmo
calado. Esperei ele chegar mais eu não consegui aguentar e cabei dormindo de
novo.
- Marcela ainda dorme dona
Carmem?
- Sim meu garoto, ela acordou,
perguntou por você. Ela te espetou, mas vocês
demoraram um pouco e ela acabou adormecendo.
- Droga! Não era pra eu ter saído
do quarto!
- Calma filho! Ela vai acordar de
novo. Paulo, você não acha melhor ligar
para os seus pais?
- Não, dona Carmem. Eles não
sentem a minha falta.
- Lógico que sentem!
- A senhora não sabe minha
história de vida e eu lhe peço para não me perguntar.
No meu quarto tinha um sofá para
visitantes, quando eu acordei Paulo estava dormindo, eu não queria acorda ló,
ela dormia tão bonito. Fiquei um tempo olhando pra ele e quando percebo esta a
minha mãe nos olhando pela janela, faço sinal pra ela entrar.
- Você gosta dele, Marcela?
- Ah mãe! Acho que não, só
amizade mesmo.
- Me defina como ele é?
- Ele é o menino mais fofo do
mundo, não é só a pele lisa, o rostinho fino, cabelos lisos castanhos e olhos
claros que me encantam, mas sim o jeito meigo e protetor que ele tem. Olha como
ele dorme parece um anjo deitado em uma nuvem. Ele é um menino que não é muito
de se enturmar, não é de ter muitas amizades, mas quando a amizade é verdadeira
e quando á o amor ele cuida, ele protege.
- Filha, você também o ama.
- como assim, também?
- Ah Marcela! Ele te ama filha.
Ele não dorme e não come direito. Ele fica do teu lado segurando tua mão o
tempo todo, fica tocando no teu rosto e te encarando, fica conversando, anda de
um lado para o outro dentro desse quarto. Filha ele não sai do seu lado e só
sai do quarto quando ele está realmente necessitado.
- Meu Deus! Ele gosta de mim! Mãe
ele ta se mexendo, me deixa sozinha com ele que eu quero conversar um pouco.
- Olha lá o que você vai falar
com ele Marcela!
A minha mãe acha que eu sou
doida, eu não vou falar nenhuma besteira, não vou magoar o menino que só quer o
meu bem.
- Marcela? Como você esta? Faz
tempo que você acordou?
- Oi, Eu estou bem. Faz um
tempinho que acordei, não o acordei porque você estava dormindo tão bonitinho.
- Flor, a Sara me ligou. Ela
perguntou como você estava. Ela mandou um beijo e avisou que mais tarde ela vem
te ver.
- Ai que bom! Sinto falta dela.
Paulo, eu acho que pela primeira vez o amor bateu em minha porta.
Paulo arregala os olhos, ele fica
pálido e extremamente nervoso.
- Na minha ele já bateu há alguns
dias, quando certa novata entra da minha sala e se sente a dona da turma.
Quando Paulo falou isso não tive
dúvidas, ele realmente estava gostando de mim. Eu e ele estávamos entrando em sintonia.
Eu ainda estava com um frio na barriga, bastante gelada e com muita vergonha.
Eu sabia que gostava dele e que esse amor era recíproco, mas eu ainda estava tímida
e insegura de expor mais ainda os meus sentimentos.
Capitulo 8
- Paulo, então você também me
ama? Você não liga pra o fato de que eu tenho mais amigos homens? Você não liga
por eu ser teimosa? Você não liga pra eu ser chata? Você não se importa por eu
ser grossa, seca e ignorante?
- Marcela meu amor, quando existe
amor tudo passa a ser perfeito.
- O que eu significo pra você
Paulo?
- Você pra mim é como a mais bela
flor do jardim. Quando estou contigo é como se o tempo parece e as coisas as
redor fossem sempre coisas boas e que o seu sorriso fosse o ar que eu respiro.
Você no inicio era só uma garota chata, mas realmente eu fui me apaixonando por
você e hoje eu sei que o que me conquistou de verdade foi esse teu jeitinho de
marrenta.
- Paulo você não liga mesmo para
o fato que eu estou doente, em um quarto de hospital e paraplégica?
- Você esta mais linda do que
nunca. O amor vence barreiras, quebra muralhas e destrói gigante. Veja a
história dos seus pais, sua mãe tinha tudo pra desistir e ela lutou até o
final.
De repende Paulo vem se
aproximando de mim e quando eu reparo já estamos nos beijando.Na melhor parte a
Sara liga. Ela estava vindo me visitar. O Paulo não queria que ela viesse,
percebi isso pelo jeito que ele falou com ela. Era como se ele quisesse me ter
só pra ele. Mas acho que era só coisa da minha cabeça mesmo.
- Marcela, ai amiga como você
está?
A Sara quando chegou foi logo me
abraçando, me beijando. Parecia que ela tinha passado quatro anos sem me ver,
mas só tinha passado quatro dias.
- Oi amiga, eu estou bem. Estou
cheias de novidades pra ti contar, coisas boas.
- Me conta logo.
Paulo não queria deixar eu e a
Sara sozinhas, ele estava sempre perto da gente, fingindo não estar prestando
atenção na conversa.
- A primeira é que eu e o Paulo estamos
nos entendendo. A segunda é que eu vou começar a fisioterapia em breve e a
terceira é que estou muito feliz.
- Ai amiga, que bom! Marcela, eu estou
te achando meio pálida.
Pra quê a Sara foi falar isso? Só
foi ela falar que Paulo se aproximou.
- Você esta bem, Marcela? Diz
Paulo pegando na minha mão. – Estou te achando meio fria.
- Eu estou bem, só um pouco
enjoada, mas isso é normal.
- Isso não é normal amiga. Diz
Sara aflita
Paulo não espera nem eu pedir,
ele foi logo chamando a enfermeira e comunicando aos meus pais que eu estava me
sentindo enjoada.
- Oi senhorita o que você sente?
Fala a enfermeira toda calma.
- Só estou enjoada isso é normal,
faz quatro dias que não saiu dessa cama, não é?
- Bom mocinha, eu vou medir sua
temperatura e pressão, pra ver se não é nada grave, ok?
- Ok, só acho que isso não é
necessário.
Comecei a me sentir tonta, meio
leve e de repente tudo ficou preto de novo.
Capitulo 9
Quando eu acordei estava todos ao
meu redor, todos assustados e muito preocupados. Os meus pais não estavam
transmitindo que estavam aflitos, mas o Paulo e a Sara estavam andando de um
lado para o outro que nem duas baratas tontas.
- O que aconteceu? - Eu pergunto.
- Você desmaiou. Mas vai ficar
bem, vamos aumentar a sua medicação. – Responde a enfermeira
- Por quê? Não será preciso! Eu
só me sinto enjoada.
- Você esta tomando pouca
medicação, é quase nada.
A enfermeira me deixou preocupada.
Será que meu corpo estava negando os remédios? Mas por que eles não me falaram
isso? Por que tantos mistérios me envolvendo? Por que eu não tinha começado a
quimioterapia ainda? Foi então que pedi pra ficar sozinha com a Sara no quarto.
O Paulo não queria sair mais os meus pais o chamaram para conversar.
- Sara, onde esta meu diário? Eu
preciso escrever, eu preciso desabafar, eu preciso ter o meu cantinho.
- Desabafa comigo, eu juro que
não conto pra ninguém, nem pra o Paulo.
- Não! Eu quero meu diário, me
dar o meu diário.
- Não está comigo, estar com o Paulo.
Desde que você sofreu esse acidente, todos os seus pertences esta com ele.
- Droga! Quero meu diário.
Do nada comecei a chorar. Não
entendi porque eu estava chorando. Eu tava tendo várias alterações no humor, e
eles sempre estavam me tratando com toda paciência do mundo... Do outro lado do
hospital...
- Paulo, você está sufocando
minha filha! O que você tem por ela não é amor é obcessão. Só faz sete dias que
vocês são amigos e você não quer deixar ela nem a sós com a amiga.
- Me desculpe seu Jorge, eu amo
sua filha. Eu a amo desde que eu a vi pela primeira vez na sala de aula. Mas eu
nunca admitir isso pra mim, porque os colegas que andavam comigo não gostavam
dela, eu era infantil e pensava do mesmo jeito que eles, mas percebi que sua
filha é o anjo mais bonito e gentil do mundo, não quero a deixar sozinha.
- Paulo é muito lindo a forma
como você a ama, mas você esta sufocando ela.
- Me desculpe eu vou mudar.
Quando Paulo chegou ao quarto à
enfermeira estava aplicando o meu remédio no soro. Ele sentou do meu lado na
cama me deu um beijo e logo em seguida se deitou, a enfermeira reclamou porque
ele estava deitado na mesma cama que eu, ele não podia, mas eu conversei com
ela e ela deixou por dez minutos. Ele botou o braço debaixo da minha cabeça e
eu encostei minha cabeça no peito dele.
- Cadê o meu diário?
- Esta na minha bolsa.
- Você leu?
- Lógico que não. Eu sei que diários
são livros íntimos, não quero vasculhar o seu íntimo. Quero deixar você à
vontade. Cadê a Sara?
- Ela foi tomar um café. Ela esta
preocupada comigo, eu sinto. Da mesma forma que você esta aflito, afinal o que
eu tenho?
- Amor, o seu corpo está reagindo
aos medicamentos. Ele está negando. O médico acho melhor mudar o remédio e aumentar as dozes e
com intervalos menores.
- Sábia que algo de errado estava
acontecendo comigo. Quais os riscos se isso der errado?
- Morte! Marcela, eu ofereci aos
seus pais um hospital mais caro, eu bancaria tudo, pagaria todas as despesas,
mas eles não aceitaram.
- Paulo eu não quero seu
dinheiro. Amor você já pensou na minha morte?
- Não! Para! Você não vai morrer.
- Paulo se eu morrer cuida da
Sara e da minha família por mim.
Ele beijou minha testa e disse: -
Você não vai morrer.
Paulo só queria o meu bem, mas eu
não queria o dinheiro dele. Aquele momento ali no quarto com ele me fez se
sentir única, eu sei que eu estava doente, mas eu era a menina mais feliz do
mundo. Passamos mais de dez minutos ali deitados. Até que nós dois pegamos no
sono.
- Marcela! Calma, vou chamar a
enfermeira! Enfermeira corra! Ela esta tendo uma convulsão!
Não entendia o que estava
acontecendo, via Paulo e sara chorando, minha mãe e o meu pai gritando, os médicos
e enfermeiros em cima de mim, vi uma agitação no quarto e de repente tudo ficou
preto mais uma vez.
Capitulo 10
- Vamos! Um... dois... três...! Vamos,
de novo! Um... dois... três... ! Reaja! Vamos perdê-la! Mas uma vez! Um...
dois... três!
- Marcelaaa! Fica comigo!
Marcela! Não me deixe! Reaja! Marcelaaaa...
Trinta anos depois...
- Vamos Marcela! Temos que ir
agora, vou me atrasar. Tenho outro compromisso.
- Estou pronta mãe, já estou
descendo.
- Cadê seu pai?
- Está se arrumando, a senhora
sabe que pra ele não é fácil.
Sara sobe as escadas e encontra
com Paulo de frente pra o espelho chorando.
- Vamos Paulo, tenho compromisso
ainda hoje.
- Você acha que é fácil pra mim?
Eu sei que já fazem trinta anos, mas eu sinto um vazio enorme. Eu te amo Sara,
mas você sabe muito bem que a Marcela foi o grande amor da minha vida, nunca
mais vou esquecer o nosso amor, você achar que é fácil ir todos os dias nessa
mesma data ao cemitério? A Marcela vai sempre ter um lugar no meu coração. Você
sabe muito bem que a única lembrança viva que eu tinha dela era a Pama, que os
pais dela me deram logo depois da morte dela, mas a Pama faleceu e com ela se
foi à única lembrança viva da Marcela.
- Você acha que é fácil pra mim
também? Ela era como uma irmã pra mim. Eu amava a Marcela. Mas eu te entendo,
ela foi o seu primeiro amor. Eu sei que foi difícil pra você a ver morrendo
daquele jeito. Afinal você estava ao lado dela quando ela teve a convulsão e
logo depois a parada cardíaca. Paulo todo mundo sabia que ela estava por um fio
naquele hospital, você sabia que ela estava correndo risco de vida. O corpo
dela rejeitava os remédios, ela estava tento várias alterações no emocional e
você sabia que ela poderia ter convulsão, febre, enjoo e vomito. Mas olha ao
seu redor, nós agora temos uma família e uma filha linda que pode não parecer
com a Marcela de aparência, mas tem a mesma personalidade e o mesmo nome. Eu
sei que dói saber que a história de vocês durou apenas uma semana.
- Gabrielle Lima